Com boa saúde
(desde o boletim informativo de Consumer Health Digest. Tradução: Andrea Gaddini)

"medicinas" alternativas

Uma meta-análise não evidenciou nenhum benefício da reflexologia. (Consumer Health Digest # 09-46 - 19 de novembro de 2009)
Edzard Ernst, M.D., Ph.D. detectou e examinou 18 testes clínicos randomizados e controlados concernindo a reflexologia. [Ernst E. Is reflexology an effective intervention? A systematic review of randomised controlled trials. Medical Journal of Australia 7; 191:263-266, 2009] http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19740047.
O estudo concluiu que doze testes não puderam mostrar alguma eficácia, cinco sugeriram resultados positivos, e um deu um resultado pouco claro, a maioria dos estudos eram demasiado limitados e mal planeados, e os dois estudos maiores tiveram resultados negativos. No total Ernst concluiu:
** As experimentações não demonstraram que a reflexologia está clinicamente eficaz para alguma da vasta gama de condições patológicas paraquem foi testada.
** O uso da reflexologia para o diagnóstico gerará como resultado uns falsos positivos e falsos negativos.
** Se usada em vez do tratamento padrão para pacientes em condições sérias, poderia ser perigosa para a sobrevivência.
A reflexologia é um sistema prático pseudocientífico de diagnóstico e tratamento baseado na premissa que cada parte do corpo é "representada" nas mãos e nos pés e que apertar nas mãos e nos pés pode ter efeitos terapêuticos em todo o corpo. A pesquisa nunca validou-a.

Descreveram-se novos sérios riscos de infecção por acupunctura. (Consumer Health Digest #10-12, 25 de março de 2010)
Os microbiologistas da universidade de Hong Kong referiram que o risco de infecções associadas com a acupunctura pode ser muito maior do que pensava-se anteriormente. Num editorial no British Medical Journal, os investigadores alertaram no feito que infecções bactéricas, vírus da hepatite B e C, e provavelmente também o VIH poderiam ser transmitidos pelo uso de instrumentos contaminados e a falta da desinfecção adequada da pele. Os investigadores expressaram uma especial preocupação pelas micobactérias que podem crescer rapidamente no punto onde são introduzidas as agulhas e causar vastas pústulas, abcessos e úlceras depois dum período de varias semanas a uns meses. Em 2006 registraram-se dois focos envolvendo mais de 70 pacientes, e o ano passado referiu-se um caso de Staphylococcus aureus resistente a la meticilina. [Acupuncture transmitted infections. British Medical Journal 340:c1268, 2010] http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20233800.

Foi publicado na rede um clássico reportagem investigando sobre a saúde. (Consumer Health Digest #10-41, 14 de outubro de 2010)
O texto completo de "A Study of Health Practices and Opinions" (Estudo sobre as práticas e as opiniões em matéria de saúde) foi publicado no site web do Consumer Health Sourcebook: http://www.chsourcebook.com/articles/health_practices_and_opinions.pdf (15,72 Mb). A investigação, patrocinada pela FDA, publicada em 1972, analisa crenças questionáveis e falazes sobre a saúde e investiga sobre as razões pelas cuais a gente está propensa a crer nelas. Os temas tratados incluem pastilhas de vitaminas e outros suplementos dietéticos, métodos para a redução de peso, métodos relativos ao cancro e à artrite, laxantes, auto-diagnose, automedicação para comuns doenças, tipos de profissionais utilizados e atitudes e opiniões gerais relativas à saúde. Esta é a mais ampla pesquisa deste tipo nunca conduzido.

Outro ensaio reprova a equinácea. (Consumer Health Digest #10-51, 23 de dezembro de 2010)
Um ensaio clínico controlado randomizado não encontrou nenhuma prova de que tomar equinácea possa modificar os sintomas ou a duração do comum resfriado. A experimentação envolveu mais que 700 pacientes, de idade entre 12 e 80 anos, que não receberam nenhum comprimido, ou comprimidos de placebo, ou comprimidos de equinácea sem ser informados disto, ou comprimidos de equinácea que foram identificados como tais. O estudo não encontrou nenhuma diferença significativa no resultado entre o tratamento com equinácea e aquele com placebo. [Barrett B. and others. Echinacea for treating the common cold. A randomized trial. Annals of Internal Medicine 153:769-777, 2010] http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21173411.

Uma revisão acha a acupunctura ineficaz para aliviar a dor. (Consumer Health Digest #11-06, 24 de março de 2011)
Os revisores que examinaram 57 revisões sistemáticas acerca da acupuntura contra a dor publicadas a partir do ano 2000 referiram:
** A maioria das revisões era positiva, mas somente quatro tiveram uma qualidade metodológica excelente.
** Os resultados positivos tiveram um significado discutível porque não há nenhuma razão plausível pela qual a acupunctura deveria reduzir a dor em algumas circunstâncias e não ser eficaz em muitas outras.
** Recentes ensaios clínicos bem-projectados evidenciaram que a acupunctura real não era melhor do que a acupunctura simulada e cada benefício na redução da dor resultava de efeitos não específicos como a convicção do terapeuta e/ou a expectativa ou o entusiasmo do paciente.
** Estavam incluídos noventa e cinco casos de graves efeitos nocivos, incluindo cinco decessos.
** Os efeitos nocivos mais freqüentemente assinalados foram pneumotórax e infecções.
Os revisores concluíram: "Numerosas revisões sistemáticas geraram poucas evidências verdadeiramente convincentes no facto do que a acupunctura é eficaz em reduzir a dor. Os efeitos nocivos graves continuam sendo referidos."
[Ernst E and others. Pain 152:755-764, 2011] Num editorial de acompanhamento, a doutora em medicina Harriet Hall individuou uns danos adicionais (perda de tempo e dinheiro, demora em curas eficazes e estímulo do pensamento não científico) e sugeriu que ulteriores estudos sobre o uso da acupuntura contra a dor não teriam nenhum valor prático. [Hall HA. Acupuncture's claims punctured: Not proven effective for pain, not harmless. Pain 152:711-712, 2011].

O Institute of Medicine publicou um relatório tranquilizador sobre as vacinas. (Consumer Health Digest #11-28 1° de setembro de 2011)
O Institute of Medicine examinou mais que 1.000 artigos de pesquisa publicados e concluiu que, enquanto nenhuma vacina é 100% segura, demonstraram-se muito poucos efeitos adversos causados pelas vacinas. Além, o relatório concluiu que as vacinas não causam as várias doenças graves que recentemente geraram preocupação:
**A vacina MPR (sarampo-papeira-rubéola) não é associada com o autismo ou o diabetes infantil.
**A vacina DTaP (difteria-tétano-pertússis com componente acelular) igualmente não é associada com o diabetes
**A vacina da gripe, administrada como injecção, não agrava a asma.
Em 1900, por cada 1000 bebês nascidos nos Estados Unidos, 100 morreram dentro do primeiro ano de vida, frequentemente por causa de doenças infecciosas.
Hoje existem vacinas eficazes para muitas doenças bacterianas e virais. A versão integral do relatório de 665 páginas, The Adverse Effects of Vaccines, pode-se baixar gratuitamente do site web da National Academies Press http://download.nap.edu/cart/download.cgi?&record_id=13164&free=1

Steve Jobs foi vítima de curandeiros. (Consumer Health Digest #11-33, 6 de outubro de 2011)
Steve Jobs, o popularíssimo Diretor executivo de Apple Computer falecido esta semana de câncer pancreático, demorou por nove meses a intervenção cirúrgica que tinham-lhe recomendado, para curar-se com uma dieta. Embora Jobs tivesse anunciado publicamente em 2004 que tinham-lhe diagnosticado um câncer pancreático, um repórter de Fortune Magazine aprendeu que a diagnose na realidade remontava a 2003 e concernia uma rara forma de câncer pancreático que tem uma elevada taxa de cura se tratado precocemente. Mas em vez de submeter-se á intervenção, ele entregou-se num inútil tratamento dietético. [Elkind P. The trouble with Steve Jobs. Fortune Magazine, March 8, 2008] http://money.cnn.com/2008/03/02/news/companies/elkind_jobs.fortune/index.htm.
Pode ser impossível determinar se a demora diminuiu seu tempo de sobrevivência e sua qualidade de vida. Mas está claro que qualquer que tenha sido o tempo e a energia que ele empregou perseguindo métodos "alternativos", estos poderiam ter sido empregados fazendo algo mais útil.

Um jornal com base científica sobre a "medicina alternativa e complementar" oferece acesso gratuito ao último número. (Consumer Health Digest #12-11, 29 de março de 2012)
O enteiro número de março 2012 do jornal FACT (Focus on Alternative and Complementary Therapies) http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/fct.2012.17.issue-1/issuetoc foi publicado na internet com acesso gratuito. O editorial principal explica porque a plausibilidade biológica deveria ser decisiva na determinação as prioridades da pesquisa. O editorial conclui: "Em determinar se queremos fazer uma pesquisa eficiente, deveríamos concentrar-nos sobre tratamentos já apoiados pela plausibilidade biológica. Os riscos em não adotar esta estratégia são consideráveis, por exemplo: desperdício de tempo, de dinheiro e de experiência em projetos com mínima possibilidade de êxito. Isto seria não só antieconómico, mas igualmente antiético."

Ingredientes tóxicos e ilegais encontraram-se em produtos da "medicina chinesa tradicional". (Consumer Health Digest #12-13, 12 de abril de 2012)
Investigadores australianos encontraram que muitas “medicinas chinesas tradicionais” contêm ingredientes tóxicos ou derivados de animais ameaçados de extinção. Observando que poucos de tais ingredientes estiveram divulgados nas etiquetas do produto, o responsável pela pesquisa declarou: "Não há absolutamente nenhuma honestidade na etiquetagem destes produtos". Os investigadores usaram a sequenciação genética de próxima geração para analisar amostras de 15 pós, cápsulas, comprimidos, flocos e chás de ervas que tinham sido confiscados pelas autoridades australianas. Os investigadores igualmente concluíram que a sequenciação genética é muito mais eficaz do que os comuns testes cromatográficos e do ADN, particularmente nas misturas quando a origem dos ingredientes não é clara. [Callaway E. Screen uncovers hidden ingredients of Chinese medicine: Genetic audit reveals that some traditional remedies contain endangered animals and toxic plants. Nature News, April 12, 2012] http://www.nature.com/news/screen-uncovers-hidden-ingredients-of-chinese-medicine-1.10430#/b1

Mais produtos de ervas aiurvédicos encontraram-se contendo chumbo. (Consumer Health Digest #12-30, 30 de agosto de 2012)
Funcionários da saúde pública relataram seis casos de intoxicação por chumbo entre mulheres nascidas no exterior que tinham tomado produtos de ervas ayurvédicos importados da Índia. Desde 2004 em 22 de tais produtos encontraram-se quantidades potencialmente tóxicas de chumbo. [Lead poisoning in pregnant women who used ayurvedic medications from India -- New York City, 2011-2012. MMWR 61:641-646, 2012] http://www.quackwatch.org/01QuackeryRelatedTopics/DSH/ayurvedic_lead.pdf.
Em 2003 uma pesquisa sobre produtos de ervas ayurvédicos fabricados na Ásia do Sul e vendidos em lojas da área de Boston encontrou que 14 dos 70 produtos (20%) continham concentrações de chumbo, mercúrio e arsênico que, se os produtos foram tomados de acordo com as instruções, teriam feito ultrapassar os padrões normativos publicados. Os autores também observaram que a teoria ayurvédica atribui importantes funções terapêuticas ao mercúrio e ao chumbo e que talvez 35-40% dos medicamentos no formulário ayurvédico contêm pelo menos um metal. [Saper RB and others. Heavy metal content of ayurvedic herbal medicine products. JAMA 292:2868-2873, 2004] http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15598918.
Em outro estudo publicado em 2008 os pesquisadores avaliaram 193 produtos ayurvédicos selecionados aleatoriamente de 25 sites web, e encontraram que um quinto deles continham metais pesados em quantidades que excederam os padrões para a Ingestão diária aceitável. [Saper RB and others. Lead, mercury, and arsenic in US- and Indian-manufactured ayurvedic medicines sold via the Internet. JAMA 300:915-923, 2008] Diversos estudos feitos em outros países deram resultados semelhantes. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18728265

Health Magazine adverte contra 30 ervas. (Consumer Health Digest #13-11 - 14 de março de 2013)
Health Magazine publicou avisos sobre 30 produtos herbáticos que podem causar reações graves a pessoas que tomam medicamentos para problemas cardíacos. A lista inclui luzerna, babosa, angélica, mirtilo, erva-de-são-cristóvão, gilbardeira, pimento, equinácea, ephedra, feno-grego, fumária, alho, gengibre, ginkgo, ginseng, gossipol, sumo de toranja, chá verde, espinheiro branco, musgo-da-irlanda, kelp, paliteira, raiz de alcaçuz, lírio-do-vale, rainha da noite, oleandro, serenoa, hipericão, estrofanto e Pau-de-Cabinda.
[Heart trouble? 30 Herbal remedies to avoid. Health Magazine Web site, accessed April 14, 2013] (ligação)

Os reguladores britânicos da publicidade atacam as afirmações sobre a reflexologia. (Consumer Health Digest #13-17 - 25 de abril de 2013)
Os serviços de compliance do Comitê britânico da prática da publicidade (Committee of Advertising Practice - CAP) publicaram um documento de orientação sobre as afirmações da reflexologia e agora verificam os sites web em busca de violações. Em 2011 a Organização britânica dos padrões da publicidade (British Advertising Standards Authority - ASA) apoiou queixas sobre três sites web que alegaram ou insinuaram que a reflexologia possa aliviar doença de Parkinson, artrite, enxaqueca, hipertensão arterial, problemas de fertilidade, cancro, lúpus, doenças da próstata, depressão, mononucleose infecciosa, transtorno do déficit de atenção com hiperatividade e muitas outras doenças. Os reflexologistas afirmam que zonas específicas do pé correspondem a partes ou órgãos do corpo e que massagear essas partes seja eficaz contra as doenças. As duas agências indicaram que as afirmações deste tipo não teriam-se que fazer sem sólidas evidências de apoio. (Essas provas são impossíveis que alcançar porque as conexões anatômicas fantasiadas pelos reflexologistas não existem). Quackwatch publicou um relatório detalhado sobre a reflexologia (ligação).

Esmagaram a acupunctura. (Consumer Health Digest #13-21 - 30 maio 2013)
David Colquhoun, Ph.D. e Steven Novella, M.D., escreveram um duríssimo artigo concluindo que a acupunctura é inútil para aliviar a dor. [Colquhoun D, Novella S. Acupuncture is theatrical placebo. Anesthesia & Analgesia 116:1360-1363, 2013]. Seu reportagem conclui que "os beneficios da acupunctura são provavelmente inexistentes, ou na melhor das hipóteses são demais pequenos e transitórios para ter qualquer significatividade clínica." O texto completo do artigo pode-se baixar no site web do jornal. Contudo uma versão no blog de Colquhoun inclui ligações com dúzias de documentos auxiliares.

Os reguladores britânicos opõem-se a umas afirmações sobre a acupunctura. (Consumer Health Digest #13-23 - 13 junho 2013)
A Organização britânica dos padrões da publicidade (British Advertising Standards Authority - ASA) apoiou queixas contra dois folhetos sobre a acupunctura publicados pelo Royal London Hospital for Integrated Medicine (RLHIM). Um folheto alegava que a acupuntura é eficaz contra distúrbios menstruais, outros problemas ginecológicos, prostatite, distúrbios urinários, infertilidade, stresse, ansiedade, depressão, vícios, enxaquecas, tinido, tontura, distúrbios de sono, desequilíbrios do sistema imunitário, alergias, Herpes-zóster (cobrão), doenças gastrointestinais, problemas músculo-esqueléticos (incluindo artralgia e dorsalgia), sinusite, asma e hipertensão arterial. O outro folheto fazia afirmações sobre a eficácia por vários problemas músculo-esqueléticas. O RLHIM admitiu que cerca de metade das afirmações não podem ser provadas, mas apresentou 43 relatórios que supostamente suportavam as restantes. Contudo a ASA concluiu que as evidências era insuficientes para apoiar as afirmações publicitárias.

Analisadas complicações da acupuntura. (Consumer Health Digest #13-23 - 13 junho 2013)
Pesquisadores chineses publicaram uma revisão sistemática de eventos adversos associados com acupuntura relatados entre 2000 e 2011. Os pesquisadores encontraram 117 relatórios de 308 eventos adversos de 25 países e regiões. As principais complicações foram infecções bacteriana causada pelo contacto com a pele nos pontos acupunturais. Também foram relatadas lesões internas, tais como perfuração do pulmão. [Xu S and others. Adverse events of acupuncture: A systematic review of case reports. Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine, Volume 2013, Article ID 581203] O texto completo do artigo está acessível online.

Uma pesquisa sobre os produtos herbáticos evidenciou resultados escandalosos.
(Consumer Health Digest #13-44 - 21 novembro 2013)
Pesquisadores utilizando o código de barras ADN - um tipo de "impressão digital" genética - para testar produtos herbáticos, reportaram amplas discrepâncias entre os ingredientes indicados no rótulo e aqueles encontrados no produto. O estudo inclui 44 produtos representando 12 produtores e 30 diferentes espécies de plantas. Os pesquisadores concluíram:
Muitos dos produtos herbáticos testados tinham escassa qualidade, incluindo notáveis substituições e contaminações de produtos e uso de enchimentos.
Apenas 2 dos 12 produtores abasteceram produtos sem nenhuma substituição, contaminação ou enchimentos.
El 59% dos produtos testados continha códigos de barras ADN de espécies vegetais não indicadas no rótulo.
A substituição de produtos aconteceu em 30 dos 44 produtos testados.
Embora os pesquisadores foram capazes de autenticar 48% dos produtos, um terço deles continha até contaminantes e/ou enchimentos não enumerados no rótulo.
Alguns dos contaminantes constituem um sério risco pela saúde dos consumidores.
Os pesquisadores recomendaram à indústria herbalista de adotar o código de barras ADN para autenticar os produtos herbáticos. [Newmaster SG and others. DNA barcoding detects contamination and substitution in North American herbal products. BMC Medicine 11:222, 2013] Embora o controle de qualidade tenha melhorado, permanece de qualquer forma o difundido problema da ineficácia e da inferioridade com respeito aos medicamentos de prescrição. [Barrett S. The herbal minefield. Quackwatch, Nov 23, 2013]


Instaram os farmacêuticos que evitassem a "medicina integrativa"
(Consumer Health Digest #14-20 - 1° junho 2014)
O farmacêutico Dr. Scott Gavura publicou um blog lamentando o desenvolvimento de farmácias "integrativas" que oferecem produtos homeopáticos, suplementos alimentares e ervas alegando "impulsionar o sistema imunológico", "desintoxicar o organismo" ou "limpar" da Candida. [Gavura S. Beware the integrative pharmacy. Science-Based Medicine Blog, May 22, 2014] escreve:
A medicina integrativa alega adoptar uma abordagem naquele tem "o melhor dos dois mundos", misturando tratamentos baseados na ciência com uma variedade de tratamentos não convencionais. O desafio fundamental com a medicina integrativa é que os produtos e serviços "integradores" não têm evidência científica para apoiá-los: se a tivessem seriam simplesmente chamados de "medicina". Em vez de provas, os promotores de medicina integrativa dependem de outros padrões, muitos são baseadas em sistemas de crenças, como a idéia de "vitalismo". Embora idéias como o vitalismo foram descartadas há muito tempo pela medicina baseada na ciência, continuam a sobreviver nas práticas de filosofias, como homeopatia, naturopatia e quiropraxia. E o lado varejista da profissão farmacêutica vê uma oportunidade nisso.
Eu acho que o componente retalhista da profissão deve decidir entre dois caminhos: um é o das farmácias a retalho, com o apoio dos órgãos reguladores da farmácia, que assumirem a plena responsabilidade de sua profissão e adoptarem padrões profissionais (...) dessa maneira a ética profissional tem prioridade sobre as pressões retalhistas e a prática retalhista da farmácia muda para um novo equilíbrio, onde os produtos e serviços oferecidos estão focados na otimização da saúde, com base na melhor evidência científica (...).
O caminho alternativo para a farmácia é o modelo "qualquer coisa por um dinheirinho", também conhecido como a farmácia "integrativa". Neste modelo, a prática de retalho de farmácia torna-se um chamariz para conseguir clientes para as lojas, e há uma crescente desconexão entre a prática de distribuição e venda de medicamentos de prescrição, e o restante das ofertas duma farmácia. A farmácia é em primeiro lugar um retalhista, e abandona quaisquer normas ou justificativas científicas para os produtos e serviços oferecidos. Os clientes podem estar satisfeitos, mas eles não serão bem-servidos. Os farmacêuticos e as farmácias podem lucrar no curto prazo, mas esta auto-sabotagem efetivamente e finalmente, vai trazer o ostracismo da medicina baseada na ciência.
Pessoalmente, acho que só há um caminho sustentável. Em primeiro lugar, a profissão tem de parar de ter vergonha de si mesma, e manter o charlatanismo mais escandaloso, como a homeopatia, fora da farmácia. Em segundo lugar, tem que parar de confundir e enganar os consumidores com a maneira descuidada (e potencialmente perigosa) que subjaz à medicina "integrativa". Finalmente, é preciso comprometer-se a colocar o paciente no centro da sua prática. (...). Como farmacêutico, quero vender medicamentos para prosperar, mas num âmbito baseado no melhor conhecimento científico e na melhor terapia médica. A medicina "integrativa" não se encaixa neste quadro.


Descobriram um velho manual comercial de quiropraxia
(Consumer Health Digest #14-39 - 26 de outubro de 2014)
O engenheiro de software Dan Kegel descobriu um manual de 61 páginas do Chiropractic Business Institute que aparentemente circulou na década de 1950. O manual afirma:
Além da técnica, há outros quatro factores de importância vital. Você também deve ser um mestre vendedor, um psicólogo perspicaz, um individualista brilhante, e um homem de negócios capaz.
Todos os médicos são naturalmente familiarizados com o diagnóstico, mas sua interpretação apenas consiste em diagnosticar a doença. Além disso, há um segundo diagnóstico de igual e vital importância. Isto consiste principalmente na análise de um paciente a partir de um ponto de vista empresarial, para determinar o seu valor pelo médico.
Boa parte da charla promocional está orientada para (a) convencer os pacientes a continuar a ter tratamentos semanais muito tempo depois de que os sintomas tenham desaparecido, (b) minar a confiança nos médicos, e ( c) promover a quiropraxia para a prevenção, assim como o tratamento da gama de problemas de saúde. Estes temas ainda são comuns nos cursos de treinamento prático de quiropraxia atualmente disponíveis.


Os ativistas anti-vacinação ridicularizados no YouTube
((Consumer Health Digest #15-10 - 8 de março de 2015)
O apresentador de talk-show da televisão Jimmy Kimmel produziu dois episódios promovendo vacinações. O primeiro sugere que os médicos talvez sabem mais sobre as vacinas que a atriz Jenny McCarthy (até quando está vestida). O segundo discute as reações desagradáveis ao primeiro vídeo e apresenta os resultados duma pesquisa em que perguntavam às crianças se prefeririam receber uma injeção ou um pirulito.


Disponível um curso gratuito sobre a "medicina baseada em ciência"
(Consumer Health Digest #15-47 - 29 de novembro de 2015)
A James Randi Educational Foundation produziu uma esplêndida série de palestras em vídeo em 10 partes naqueles a médica Harriet Hall compara a medicina baseada na ciência com os métodos chamados "alternativos e complementares" (CAM). Os temas incluem: o que é a CAM?, acupuntura, quiropraxia, medicina energética, homeopatia, "alternativas" variadas, naturopatia e ervas medicinais, armadilhas na investigação, medicina baseada em ciência versus medicina baseada em evidências, medicina baseada em ciência nos meios de comunicação e na política. As palestras duram de 32 a 45 minutos. Está também disponível uma guia complementar ao curso.

Postaram na internet um podcast anti-charlatanismo
(Consumer Health Digest #16-10 - 20 março 2016)
O Dr. Stephen Barrett e a Dra. Harriet Hall são os intérpretes dum podcast de uma hora centrado em alegações e fatos relacionados com a "medicina alternativa".

A acupuntura julgada ineficaz contra a dor nas costas (Consumer Health Digest #16-13 - 10 abril 2016)
O Instituto Nacional de excelência da Saúde e Assistência (NICE - National Institute for Health and Care Excellence) concluiu que a acupuntura não é melhor do que um placebo no tratamento da dor lombar e da ciática. Seu rascunho de relatório de orientação também afirma que fizeram-se suficientes estudos para concluir que é improvável que pesquisas adicionais possam alterar estas conclusões. As diretrizes 2009 do NICE tinham recomendado considerar até 10 sessões de aplicações da acupuntura durante períodos de até 12 semanas [Davis N. Acupuncture for low back pain no longer recommended for NHS patients. The Guardian, March 24, 2016].

Casal condenado por matar sua criança ((Consumer Health Digest #16-17 - 8 maio 2016)
Um júri canadense condenou David e Collet Stephan pelo crime de "falta de abastecimento dos meios de subsistência" para seu filho de 18 meses Ezekiel, que morreu de meningite bacteriana, enquanto eles tratavam-no desde duas semanas e meia com pimentões, alho, cebolas, e rábano e um produto feito por um naturopata que alegava ser destinado a estimular o seu sistema imunológico. [Alberta parents convicted in toddler's meningitis death. CBC News, April 26, 2016]. O Colégio dos médicos naturopatas de Alberta abriu uma investigação em resposta a uma queixa assinada por 43 médicos. [Naturopath in toddler's meningitis death trial to be investigated by industry body. CBC News, April 27, 2016].

Emitiu-se a sentença pelo casal condenado por matar sua criança (Consumer Health Digest #16-24 - 26 junho 2016)
Os canadenses David e Collet Stephan, que tinham sido condenados pelo crime de "falta de abastecimento dos meios de subsistência" para seu filho de 19 meses Ezekiel, receberam sentença [Bell D. David Stephan gets jail time, Collet Stephan gets house arrest in son's meningitis death CBC News, June 24, 2016].
- David foi condenado a quatro meses de prisão.
- Collet foi condenada a três meses de prisão domiciliar e a enviar uma cópia não manipulada da audiência de determinação da pena a todos os sites web e aos mídias sociais com os quais ela é pessoalmente afiliada.
- Ambos foram condenados a cumprir 240 horas de serviço comunitário.
- Os outros três filhos do casal deverão ser visitados por um médico pelo menos uma vez por ano e uma enfermeira de saúde pública cada três meses.
Notícias de imprensa indicam que Ezekiel morreu de meningite bacteriana, enquanto eles tratavam-no desde duas semanas e meia com pimentões, alho, cebolas, e rábano e um produto feito por um naturopata que alegava ser destinado a estimular o seu sistema imunológico [Alberta parents convicted in toddler's meningitis death. CBC News, April 26, 2016]. Antes da audiência de determinação da pena, Collet incitou seus partidários no Facebook a enviar cartas manuscritas a seu advogado "sobre a reputação minha e de Dave como pais, a preocupação para que nossos filhos possam perder-nós e sobre como este veredicto vai afectar seus direitos de pais". David é o vice-presidente de Truehope Nutritional Support, uma empresa que comercializa "remédios naturais".

Rasgaram as afirmações sobre acopuntura (Consumer Health Digest #16-29 - 31 julho 2016)
Friends of Science in Medicine, um grupo anti-charlatanismo australiano com mais de 1.100 membros, publicou um relatório devastador pedindo acabar com a acupuntura como prática médica [Is there any place for acupuncture in 21st century medicine? Friends of Science in Medicine, July 25, 2016]. Após resumir a história da acupuntura, as teorias, as pesquisas e as desculpas pelos estudos fracassados, os autores concluem:
- A acupuntura tem sido estudada por décadas, e as evidências de que ela possa proporcionar benefícios clínicos continuam a ser fracas e inconsistentes. Não há mais qualquer justificação para mais estudos. Já há provas suficientes para concluir com confiança que a acupuntura não funciona. É meramente um placebo teatral baseada em mitos pré-científicas.
- Todos os prestadores de cuidados de saúde que aceitam basear seus tratamentos em provas científicas, contanto que provas credíveis estejam disponíveis, mas que siguem incluindo a acupuntura nas suas intervenções terapêuticas, deveriam rever seriamente a suas práticas.
- Não há lugar para a acupuntura na medicina.
Por muitos anos, os partidários da acupuntura têm citado como prova um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) que fazia uma lista de mais de 90 problemas para os quais a acupuntura era supostamente eficaz. Em 2014, todavia, este relatório foi retirado em resposta às consideráveis provas contradizendo a opinião da OMS, incluindo as revisões da Cochrane Collaboration que rasgaram a maioria das afirmações.

Proliferam as clínicas de células-tronco (Consumer Health Digest #16-29 - 31 julho 2016)
Uma enquete descobriu que centenas de clínicas comerciais estão anunciando aos consumidores umas terapias com células-tronco [Plummer Q. 570 clinics in the US are offering expensive, unproven and unregulated stem cell therapies and that's very dangerous. Tech Times, July 5, 2016]. As células-tronco são células primitivas que podem se tornar células especializadas, como as da pele, da gordura e dos músculos. Elas podem ajudar a reparar os tecidos e a gerar novas células do tecido para substituir os velhos glóbulos vermelhos, os músculos rasgados, a pele envelhecida e outros tecidos do corpo. Elas podem ter o potencial para substituir tecidos danificados por doenças, mas a pesquisa é na melhor das hipóteses a uma etapa preliminar e a segurança é uma grande preocupação. O médico Gabe Mirkin fez uma lista das razões para ser cautelosos com as clínicas comerciais:
- Quando as células-tronco são tiradas e re-injetadas do mesmo corpo, não há nenhuma maneira de dizer se algo foi alterado.
- As células-tronco tiradas duma pessoa não parecem ser tão capazes de fazer novos tecidos como as tiradas do cordão umbilical dum recém-nascido, que são células embrionárias.
- As células-tronco do cordão umbilical dum bebê são muito mais propensas a ter anormalidades que as possam impossibilitar de gerar novos tecidos duradouros.
- As células-tronco podem desencadear uma resposta imune em que o corpo trata as novas células como bactérias invasoras e mata-las.
- As células-tronco da maioria dessas clínicas geralmente têm nenhuma das vantagens terapêuticas que os laboratórios de pesquisa usam para fazer suas células-tronco mais eficazes. Por exemplo, os laboratórios de pesquisa estão melhorando as células-tronco através da manipulação e o transplante de material genético DNA.
- Nenhuma agência do governo está a verificar estas clínicas de células-tronco não aprovados e não regulamentada para sua eficácia ou segurança.
- Os procedimentos utilizados na maioria das clínicas não foram aprovados para a população em geral.
- O apoio das celebridades e os testemunhos dos pacientes não têm sentido.
- Os preços cobrados são muitas vezes escandalosos e é improvável que possam ser cobertos pelos seguros [Be wary of stem cell clinics. Gabe Mirkin's Weekly e-Zine, July 10, 2016].

Transmitido o HIV para pacientes de acupuntura (Consumer Health Digest #17-08 - 19 fevereiro 2017)
Pelo menos cinco pacientes do Hospital Provincial de Zhejiang de Medicina Tradicional Chinesa foram infectados com o HIV como resultado de receber acupuntura com agulhas não devidamente esterilizadas. O South China Morning Post também informou que um técnico e cinco funcionários do hospital tinham sido demitidos como resultado [Mai J. At least five infected with HIV after dirty needles used at Chinese hospital. South China Morning Post, Feb 9, 2017].

A FDA ataca a venda de derivados da maconha como cura de câncer (Consumer Health Digest #17-41 - 5 de novembro de 2017)
A FDA ordenou que quatro empresas: Greenroads Health, Natural Alchemist, That's Natural! Marketing et Consulting, e Stanley Brothers Social Enterprises LLC , parassem de vender produtos de canabidiol (CBD) com alegações não comprovadas de que são eficazes contra o câncer. Os produtos incluem gotas de óleo, cápsulas, xaropes, chás e loções e cremes tópicos. Alguns também foram comercializados como tratamento alternativo ou adicional para a doença de Alzheimer e outras doenças graves. O CBD é um componente da planta de maconha que não é aprovado pela FDA em nenhum medicamento para nenhuma indicação [FDA warns companies marketing unproven products, derived from marijuana, that claim to treat or cure cancer. FDA news release, Nov 1, 2017].

Propõe Espanha proibição da "medicina alternativa" em centros de saúde (Consumer Health Digest #18-46 - 18 novembro 2018)
Os ministros da Ciência e Saúde da Espanha anunciaram uma proposta para: (a) remover "medicina alternativa", como acupuntura e homeopatia dos centros de saúde, onde todo tratamento deve ser dado por profissionais reconhecidos; e (b) desenvolver alianças com reitores, decanos ou autoridades regionais para acabar com a concessão pelas universidades espanholas de licenciaturas ligadas a estas práticas. Os defensores da saúde e da ciência pressionaram o Ministério da Saúde a agir depois de várias mortes de alta relevância, incluindo a de Mario Rodriguez, de 21 anos, que morreu após parar seu tratamento hospitalar para leucemia baseandose no conselho dum suposto naturopata que alegou ser capaz curar o câncer com vitaminas [Spain plans to ban alternative medicine in health centres. The Guardian. Nov 14, 2018].

OMS foi criticada duramente por legitimar a medicina chinesa não baseada em evidências (Consumer Health Digest #19-14 - 8 abril 2019)
Os editores da Scientific American criticaram duramente a Organização Mundial da Saúde (OMS) por incluírem na 11ª edição da "CID - Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde" (11th edition of the International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems - ICD) uns distúrbios descritos na antiga medicina chinesa (ICD-11 ou CID-11). [Editores. The World Health Organization gives the nod to Traditional Chinese Medicine. Bad Idea. Scientific American. April 2019]. Entre os pontos mais importantes destacam-se:
- Incluir a medicina tradicional chinesa na CID é uma falha ofensiva no pensamento e na prática baseados em evidências. Os dados que apoiam a eficácia da maioria dos remédios tradicionais são escassos, na melhor das hipóteses.
- Na China, os remédios tradicionais não são regulamentados e frequentemente fazem adoecer as pessoas, em vez de curá-las.
- Análises de remédios chineses revelaram ingredientes escondidos, incluindo remédios ocidentais proibidos, produtos químicos tóxicos e DNA de espécies ameaçadas de extinção.
- A proliferação de medicamentos tradicionais contribui para a destruição dos ecossistemas e aumenta o comércio ilegal de animais selvagens.
- A OMS deve remover os remédios tradicionais de sua lista até que sejam submetidos a testes rigorosos de pureza, eficácia, dosagem e segurança. Esses remédios devem receber o mesmo escrutínio minucioso de outros tratamentos antes de serem incluídos nas práticas terapéuticas padrão.

Estimado o impacto de tratamentos médicos inacessíveis (Consumer Health Digest 19-47 - 30 novembro 2019)
Com base numa sondagem de 1.099 adultos dos EUA realizada em setembro de 2019, Gallup e West Health estimaram que 34 milhões de adultos americanos (mais de 13%) conhecem alguém que morreu após não receber tratamento e 58 milhões de adultos relatam não poder pagar pelos medicamentos necessários no ano anterior. A porcentagem de adultos que relataram não ter dinheiro suficiente nos últimos 12 meses para "pagar pelos medicamentos necessários ou os remédios prescritos pelo médico" aumentou significativamente, de 18.9% em janeiro 2019  para 22,9% em setembro. Apenas 7% relataram que o governo Trump realizou "muita coisa" sobre a questão dos preços dos medicamentos, enquanto 66% disseram que o governo realizou "não muito" ou "nada". [Witters D. Millions in U.S. lost someone who couldn't afford treatment. Gallup, Nov 12, 2019].

Advertência emitidoa contra a medicina tradicional chinesa não regulamentada (Consumer Health Digest 19-47 - 30 novembro 2019)
O Conselho Consultivo de Ciências das Academias Europeias (EASAC - European Academies' Science Advisory Council) e a Federação das Academias Europeias de Medicina (FEAM - Federation of European Academies of Medicine) emitiram uma declaração conjunta sobre a recente proposta de adição dum capítulo sobre a medicina tradicional chinesa à ferramenta de codificação Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde (CID-11) definindo-la um "grande problema". Apelando para a exigência de evidências rigorosas de qualidade, eficácia e segurança, a declaração alerta:
A EASAC e a FEAM acrescentam suas vozes àqueles que expressaram preocupação com esta reclassificação da CID-11 para incluir abordagens de diagnóstico que ainda não são e podem nunca ser adequadamente validadas de acordo com os critérios científicos e regulatórios estabelecidos. Existe risco em enganar pacientes e médicos e em pressões crescentes de reembolso pelos sistemas públicos de saúde num momento de recursos limitados [Traditional Chinese Medicine: A Statement by EAASAC and FEAM. Nov 2019].

Publicou-se manifesto europeu contra pseudo-terapias (Consumer Health Digest 20-05 - 2 fevereiro 2020)
A Associação para Proteger os Doentes das Terapias Pseudocientíficas em espanhol (APETP em espanhol), uma associação da sociedade civil formada por vítimas de terapias pseudocientíficas, juntamente com cientistas, médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, cientistas da computação, advogados e outros profissionais publicou o Manifesto Europeu Contra Pseudo -Terapias. O pessoal científico e médico que adiciona seus nomes como signatários do manifesto declara que:
- O conhecimento científico é incompatível com o que postulam as pseudo-terapias, como no caso da homeopatia.
- As leis européias que protegem a homeopatia não são aceitáveis numa sociedade científica e tecnológica que respeite o direito dos pacientes de não serem enganados.
- A homeopatia é a pseudo-terapia mais conhecida, mas não é a única nem a mais perigosa. Outras, como acupuntura, reiki, nova medicina germânica, iridologia, biomagnetismo, terapia ortomolecular e muito mais, estão ganhando terreno e causando vítimas.
- Devem ser tomadas medidas para interromper as pseudo-terapias, pois são prejudiciais e resultam em milhares de pessoas sendo afetadas adversamente.
- A Europa precisa trabalhar no sentido de criar legislação que ajude a acabar com este problema.
Os colaboradores da APETP incluem o Círculo Escéptico, a ARP Sociedad para el Avance del Pensamiento Crítico, a Asociación de Farmacéuticos a favor de la Evidencia Científica, e a Red UNE. O site da APSPT está em espanhol.

Traçaram o perfil de Prêmios Nobel que promoveram a irracionalidade (Consumer Health Digest #20-21 - 31 maio 2020)
Uns estudiosos da psicologia forneceram mini-esboços de ganhadores do Prêmio Nobel de ciências que promoveram "afirmações que são (a) altamente implausíveis à luz do conhecimento científico; (b) rejeitadas por essencialmente todos os especialistas científicos; e (c) baseadas principalmente ou exclusivamente em evidência anedótica ou não corroborada" [Basterfield C. and others. The Nobel disease: when intelligence fails to protect against irrationality. Skeptical Inquirer. 44(3):32-37, 2020]. Os laureados incluem:
- Linus Pauling, que fez reivindicações extraordinárias por megadoses de vitamina C e outros nutrientes
- Brian Josephson, que promoveu a meditação transcendental e defendeu a "memória da água", um mecanismo que se alega estar na base da homeopatia
- Nikolaas Tinbergen, que promoveu a desacreditada "holding therapy" para curar o autismo
- Kary Mullis, que negou que o HIV cause AIDS
- Louis J. Ignarro, que foi contratado como consultor da Herbalife e promoveu o Niteworks, uma mistura em pó de aminoácidos e antioxidantes que, segundo ele, protegeria contra doenças cardíacas, aumentando a produção de óxido nítrico do corpo
- Luc Montaigner, que afirmou que o autismo pode ser causado por vacinas e tratado com sucesso usando antibióticos.
Esses exemplos ilustram como as pessoas brilhantes não são imunes ao pensamento irracional e ao excesso intelectual.

Crença na “medicina complementar e alternativa” e baixo nível de alfabetização em saúde associados à vulnerabilidade à desinformação em saúde (Consumer Health Digest #21-14 - 11 abril 2021)
Uma equipe de especialistas em psicologia, cardiologia, pediatria e medicina interna considerou duas questões de pesquisa:
- São algumas pessoas geralmente mais vulneráveis a a informações online incorretas sobre saúde do que outras, independentemente do tópico de saúde específico em questão?
- Que tipo de pessoa é vulnerável a informações online incorretas sobre saúde? Ou seja, quais são alguns importantes preditores psicossociais da suscetibilidade à desinformação?
Os especialistas convidaram via e-mail residentes nos Estados Unidos com idades entre 40 e 80 anos para participar duma pesquisa online projetada para medir nos entrevistados: (a) a exatidão percebida dos comentários relacionados a estatinas, "tratamentos alternativos de câncer" e vacinas que os pesquisadores encontraram nas redes sociais, (b) nível educacional, (c) alfabetização em saúde, (d) predisposição para procurar cuidados de saúde para problemas menores [maximizadores médicos] ou evitar intervenção médica, a menos que seja necessário [minimizadores médicos], (e) atitudes em relação à "medicina complementar e alternativa", (f) confiança no sistema de saúde, (g) confiança na ciência e (h) tendência ao raciocínio reflexivo. A pesquisa também perguntou aos entrevistados sobre dados demográficos padrão, suas experiências de saúde relevantes para tópicos de saúde abordados nos comentários de mídia social, se eles eram pais ou tutores, se tinham filhos de 10 a 18 anos, se seus filhos foram vacinados e sobre o uso das plataformas das redes sociais [Scherer LD and others. Who is susceptible to online health misinformation? A test of four psychosocial hypotheses. Health Psychology, March 1, 2021].
Baseandose em dados de 923 entrevistados, os pesquisadores concluíram:
- As pessoas que acreditam na desinformação sobre as vacinas provavelmente também acreditam na desinformação sobre as estatinas e o tratamento do cancro e vice-versa.
- Quanto mais horas por dia os entrevistados gastam nas redes sociais, maior é a probabilidade de eles perceberem a desinformação como exata e influente.
- As pessoas com alto nível de alfabetização ou educação são menos propensas a acreditar que a desinformação seja verdadeira ou influenciaria suas decisões.
- As pessoas com atitudes positivas em relação à medicina complementar e alternativa e aqueles que não confiam no sistema de saúde são mais propensos a acreditar que todos os três tipos de desinformação sejam verdadeiros e influírem nas suas decisões.

Escrutinada a urinoterapia (Consumer Health Digest 22-41 - 30 outubro 2022)
Dois cientistas rejeitaram a ideia antiga e persistente de que beber, tomar banho ou aplicar urina pode trazer boa saúde ou curar certas doenças. A urina consiste em 95% de água, 2% de uréia, 0,1% de creatinina e mais de 3.000 outros compostos que podem incluir substâncias químicas ambientais tóxicas que devem ser removidas do corpo. Embora existam no mercado loções para a pele e amaciantes de unhas à base de uréia, a concentração de uréia na urina é muito fraca para ter qualquer valor terapêutico. Ao contrário do mito popular, a urina não é estéril; geralmente contém baixos níveis de bactérias, enquanto altos níveis de bactérias estão associados a infecções do trato urinário. [Moro C, Phelps C. Is urine sterile? Do urine ‘therapies’ work? Experts debunk common pee myths. The Conversation, Oct 20, 2022].

Relatório de células-tronco disponível (Consumer Health Digest #23-48 - 26 novembro 2023)
A Sociedade Internacional de Pesquisa com Células-Tronco (International Society for Stem Cell Research) produziu About Stem Cells, ("Sobre Células-Tronco") desenvolvido por pesquisadores de células-tronco em todo o mundo para fornecer conselhos confiáveis para ajudar as pessoas a tomar decisões informadas sobre procedimentos com células-tronco. O site da sociedade tem seções sobre tipos de tratamentos com células-tronco, terminologia desses tratamentos, nove coisas que você deve saber sobre os mesmos tratamentos e tratamentos com células-tronco não cientificamente comprovados.

Médico condenado à prisão por matar esposa com tratamentos “alternativos” (Consumer Health Digest #23-52 - 23 dezembro 2023)
O doutor Jeffrey Harris, 59 anos, foi condenado a uma pena indeterminada de 5 a 15 anos de prisão estadual, a pena máxima, após sua condenação em julgamento por matar impensadamente sua esposa, Tammy, ao tratá-la de maneira inadequada. Em Outubro, um júri do Supremo Tribunal do Estado de Nova Iorque considerou Harris culpado de homicídio culposo por ter-lhe administrado tratamentos “alternativos”, incluindo níveis venenosos de selénio, e por a ter impedido de procurar tratamento para o lúpus [D.A. Bragg announces sentencing of Jeffrey Harris for recklessly killing his wife, Tammy Harris. New York County District Attorney press release, Dec 15, 2023].
As evidências do caso indicam que em 2016 Tammy começou a sentir dores. Ela foi diagnosticada com uma doença autoimune por seu médico de atenção primária, que suspeitou que ela tivesse lúpus. Apesar desse diagnóstico, Harris recusou-se a acreditar nos médicos, tomou o tratamento de Tammy com as próprias mãos e começou a prescrever antibióticos, antifúngicos, analgésicos e muitos suplementos de ervas. A saúde de Tammy começou a piorar rapidamente. Ela perdeu uma quantidade significativa de peso, ficou com icterícia grave e acabou ficando acamada. Quando foram a um hospital em agosto de 2017, o Dr. Harris discutiu com os médicos de Tammy, instruiu-a a cuspir os medicamentos prescritos e continuou a fornecer-lhe os seus suplementos preferidos sem o conhecimento do médico. Nos quatro meses seguintes, Tammy piorou em casa, melhorou brevemente com a hospitalização e piorou novamente quando Harris a retirou do hospital contra orientação médica. Em janeiro de 2018, o Dr. Harris levou Tammy, que naquele momento pesava em torno de 35 quilos, para Nova York para ser visitada num “centro médico alternativo” no centro de Manhattan administrado por um médico que o Dr. Harris admirava. Os testes feitos naquele centro deram negativo para envenenamento por mercúrio, mas mostraram uma taxa de selênio em seu sangue mais de dez vezes o intervalo de referência. Ela morreu de envenenamento por selênio em fevereiro de 2018. O obituário de Tammy no The Lewiston Tribune observou que ela havia se formado na Washington State University com bacharelado em enfermagem e mestrado como enfermeira psiquiátrica [Palermo A. Former area doctor charged in wife’s death. The Lewiston Tribune, Nov 28, 2021].

Comunicador científico esquadrinhou a propaganda exagerada relacionada ao microbioma (Consumer Health Digest #23-52 - 23 dezembro 2023)
O comunicador científico da Universidade McGill, Jonathan Jarry, M.Sc., examinou factoides populares sobre o microbioma, a vasta comunidade de microrganismos (incluindo bactérias) que crescem em nossos corpos e dentro deles [Jarry J. The microbiome and its myth-making machine. Office for Science and Society, Aug 11, 2023].
Jarry concluiu:
Por vezes o número de microrganismos que constituem o microbioma humano é considerado dez vezes maior do que o número de células humanas. No entanto, a melhor estimativa que temos é que eles são aproximadamente equivalentes em número.
Há fortes evidências de que tomar probióticos pode prevenir a diarreia associada a um ciclo de antibióticos, mas ainda não sabemos o suficiente para recomendar cepas, dosagens ou duração específicas para esses probióticos.
Muitas doenças têm sido associadas a alterações no microbioma, mas neste momento não podemos dizer que estas alterações causam as doenças, pois há demasiadas variáveis em jogo.

A versão original dos textos do boletim informativo está na página inglês. Por sugestões ou críticas sobre a tradução podem escrever-me.
Para consutar o arquivo completo do boletim informativo liguem-se à página web:
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Legenda: FDA: Food and Drug Administration, Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos http://www.fda.gov/
FTC: Federal Trade Commission, Commissão Federal de Comércio dos Estados Unidos http://www.ftc.gov/ em espanhol: http://www.ftc.gov/index_es.shtml
AMA: American Medical Association https://www.ama-assn.org/

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Boa saúde a todos (à exceção dos charlatães que fazem dinheiro na saúde dos outros)

página criada em: 27 de agosto de 2011 e modificada pela última vez em: 27 de dezembro de 2023